O mês de abril para o Movimento Espírita é repleto de dias de extremadas e curiosas reflexões, pois marca datas importantes a serem senão comemoradas ou, pelo menos conhecidas.
Entre essas datas podemos citar: O lançamento em Paris da 1ª edição do “O Livro Dos Espíritos” de Allan Kardec, em 18 de abril de 1857; A fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espírita em 1º de abril de 1858; O lançamento da 1ª edição da “Imitação do Evangelho” de Allan Kardec, em 14 de abril de 1864, que a partir da 2ª edição no ano de 1865, recebeu em definitivo o nome de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; A desencarnação de Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, também médium brasileiro conhecido como o “Médico dos Pobres“, em 11 de abril de 1900; O nascimento do médium Francisco Cândido Xavier em 02 de abril de 1910 na cidade de Pedro Leopoldo em Minas Gerais; E a desencarnação do filósofo Leon Denis em 12 de abril de 1927.
Já a comunidade mundial comemora, anualmente, desde 7 de abril de 1950, o “Dia Mundial da Saúde”, numa tentativa de restaurar o bem estar físico da coletividade daqueles países envolvidos na devastação da 2ª guerra mundial, pois havia a preocupação de traçar uma definição positiva de saúde, que incluiria fatores como alimentação, atividade física, acesso ao sistema de saúde e etc.
A definição de saúde em relação ao “bem estar social” vem da preocupação com as calamidades durante e pós-guerra, bem como, com a necessidade de criar novos alicerces para a instalação da paz mundial. Assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda hoje define saúde como um estado de completo bem estar físico, mental e social.
O Espiritismo, no entanto, amplia essa visão e ensina que saúde é o estado de completo bem estar “Biopsicossociespiritual”, pois levam em consideração os fatores biológicos, psicológicos, sociais e espirituais que influenciam o ser humano na sua passagem pela existência terrena. Diferentemente da medicina do corpo, que ainda é exercida largamente, o Espiritismo descortina um novo modelo, o da Medicina da Alma, preconizada por Jesus quando explicava aos discípulos como curar os enfermos do corpo e da alma.
Acreditamos que o ser humano é um conjunto complexo, que tem além do corpo físico, corpos sutis e alma, e que a prioridade na direção desse conjunto é a da alma. Compete ao espírito imortal, que todos somos, a construção do seu destino terreno e da manutenção da sua própria saúde. Então, o fato de uma pessoa não exteriorizar doença durante determinada fase da sua existência não significa que ela esteja saudável, ou seja, ela pode apresentar-se aparentemente saudável durante um período, mas já trazer no perispírito as marcas da doença que irá eclodir mais adiante, segundo a lei de ação e de reação, que tem no tempo, seu fator desencadeante.
Jesus, o grande “Médico das Almas”, conhecedor das leis divinas e detentor de nossas fichas cármicas, curava até mesmo com o olhar, pois sabia que a questão saúde-doença está vinculada à lei de causa e efeito, ou seja, ao carma e assim ligado à ações de vidas passadas.
O incessante intercâmbio com mentores espirituais revelam aos estudiosos da medicina espírita que grande parte das enfermidades humanas tem origem no psiquismo, e que o orgulho, a vaidade, o egoísmo, a preguiça e a crueldade são vícios da alma e que geram perturbações e doenças no corpo espiritual ou perispírito e no corpo físico. Com essas informações, o espiritismo tem uma grande contribuição a oferecer a medicina terrena. Ao estudar a doença é preciso que se leve em conta o perispírito, mesmo porque, a cura do corpo físico está diretamente subordinada à cura desse envoltório espiritual.
Segundo esse princípio, as ações praticadas por nós marcam o nosso perispírito e se refletem no corpo físico que age como uma espécie de mata-borrão. Na visão espírita a dor tem em nossas vidas um papel muito importante que segundo os nossos benfeitores: “(…) depois do poder de Deus, a única força capaz de alterar o rumo de nossos pensamentos, compelindo-nos a indispensáveis modificações, com vistas ao Plano Divino, a nosso respeito, e de cuja execução não poderemos fugir sem graves prejuízos para nós mesmos” (Missionários da Luz).
Infelizmente, mesmo no meio espírita, quando se fala em saúde ou ausência dela, ainda existem aqueles que creem em milagres ou pior, confundem resignação com comodismo e desesperança. Nesse milênio de transformações, espíritos compelidos no bem, estão se preparando para de forma gloriosa, espalharem através de seu trabalho e exemplo. O remédio para os males de toda a humanidade, que é a necessidade do autoconhecimento e a busca de novas atitudes diante da vida e pautadas no perdão das ofensas e na prática da caridade para com todos.
Curiosamente o ano de 1950 marcou além da celebração do Dia Mundial da Saúde, também os 50 anos de desencarne do Doutor Bezerra de Menezes, médico brasileiro, conhecido como o “Kardec Brasileiro”, pela excelência no seu trabalho como divulgador do Espiritismo em nosso país, dando ao movimento espírita a feição evangélica que todos respeitamos até os dias de hoje. Além disso, era chamado entre os humildes de “O Médico dos Pobres”, pois percorria os morros em socorro dos enfermos e batia às portas dos lares em sofrimento nos subúrbios modestos do Rio de Janeiro para com sua presença amiga, sanar as dores e muitas vezes aliviar a fome ou as perturbações espirituais da população carente.
Esses 50 anos de vida na erraticidade serviram de aperfeiçoamento nas questões das dores humanas e também de inspiração, para que o espírito de Bezerra de Menezes declinasse do divino convite de buscar novas frentes de trabalho nas culminâncias dos céus e preferisse continuar percorrendo o continente brasileiro incansavelmente, a fim de socorrer encarnados e desencarnados que ainda se encontram em lutas árduas sofrendo a quitação de seus débitos.
Assim, esse excelso irmão, certamente inspira homens bem intencionados para que prosperem no campo das pesquisas científicas na área da saúde pública e das terapias de alívio das dores do povo brasileiro. Prova disso são os vários hospitais espíritas espalhados pelo Brasil com salas de Fluidoterapia e de passes magnéticos, onde, em sua maioria, trabalham profissionais da saúde, conjugando práticas da medicina espírita com os métodos convencionais da medicina terrena.
Finalizando, o “Médico dos Pobres” alcançou esse título depois de quase dois milênios após sua convivência com o Cristo Planetário, quando, segundo informações do mundo maior, vivia sob o nome de Zaqueu, o cobrador de impostos, que se transformou num novo homem ao convite de Jesus e que, em contato com o ¨Médico das Almas¨, compreendeu que a única maneira de evoluir é servir para que alcançando a benevolência e o socorro das mais altas esferas espirituais usemos de sua influência benéfica para sempre mais servir e servir sempre mais.
Quando aquele espírito que receberia o nome de Adolfo Bezerra de Menezes, veio, em 29 de agosto do ano de 1831, encarnar em terras brasileiras, tudo estava planejado para que através de seu devotamento e dedicação sem igual, o Brasil incorporasse definitivamente o Evangelho Redivivo de Jesus. Portanto, na seara espírita brasileira não há como dissociar a saúde da figura de Bezerra de Menezes e aguardamos a confirmação de que a criação do dia Mundial de Saúde tenha ocorrido para marcar nas páginas da história da humanidade, o exemplo de abdicação e de amor ao próximo de mais um grande missionário entre nós.
Grupo de Estudo e Pesquisa da Ordem Fraternidade Luz e Fé – FLF (abril – 2013)