O Evangelho de João registra da seguinte forma a promessa de Jesus relativa ao Consolador: "Se me amais, guardai meus mandamentos. E rogarei a meu Pai e ele vos dará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê e absolutamente não o conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós" (João, 14:15 a 17).
O consolador é aquele que consola ou conforta, que encoraja ou reanima. E o que significa consolar? Significa: proporcionar, ou sentir satisfação; aliviar ou amenizar a dor, sofrimento; confortar. Mas o que realmente nos consola, nos satisfaz, nos alivia e nos conforta? É conhecer a verdade: “Conheça a verdade e a verdade vos libertará”.
Um pouco mais adiante, o mesmo Evangelista atribui a Jesus as seguintes palavras: "Eu vos tenho dito estas coisas enquanto permaneço convosco. Mas o Paráclito (Paráclito ou paracleto significa mentor, defensor, protetor), o Santo Espírito, que meu Pai vos enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar o que vos disse". “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito de Verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim” (João, 14:25 e 26).
Por essa passagem, o Espírito de Verdade é um, e o Consolador é outro.
Mas o que é esse Consolador?
Parece ser de fato, o ensino evangélico do Mestre do mundo, pois Ele mesmo disse que o Consolador vos fará lembrar tudo quanto Ele tinha dito. No Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo VI, encontramos uma das mais belas mensagens do Espírito de Verdade: ”Venho, como outrora, entre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande,... Eu revelei a doutrina divina;... “Vinde a mim, todos vós que sofreis!”
Na Revista Espírita, de março e junho de 1862, há a evocação de dois membros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas que regressaram à Espiritualidade: Sr. Jobard e Sr. Sanson:
• O Sr. Jobard, ao ser questionado por Allan Kardec sobre os Espíritos que estava vendo, diz: Vejo, principalmente, Lázaro e Erasto; depois, mais afastado, o Espírito de Verdade, planando no espaço; depois uma multidão de Espíritos amigos que vos cercam, agradecidos e benevolentes. Sede felizes, amigos, porque boas influências vos disputam às calamidades do erro (março de 1862).
• O Sr. Sanson, por sua vez, diz que estava vendo o Espírito de Verdade, Santo Agostinho, Lamennais, Sonnet, São Paulo, Luís e outros amigos, conforme consta da Revista Espírita de junho de 1862.
Na Revista Espírita, de dezembro de 1864, há uma mensagem do Espírito de Verdade, onde Ele faz referências à obra O Evangelho segundo o Espiritismo, lançado naquele ano: “Um novo livro acaba de aparecer; é uma luz mais brilhante que vem clarear a vossa marcha. Há dezoito séculos vim, por ordem do meu Pai, trazer a palavra de Deus aos homens de vontade. Esta palavra foi esquecida pelo maior número, e a incredulidade, o materialismo vieram abafar o bom grão que eu tinha depositado em vossa terra.”
Na Revista Espírita 1867, na página 271, sob o título Caracteres da Revelação Espírita, descreve: “Ora, como é o Espírito de verdade que preside ao grande movimento de regeneração, a promessa de seu advento se encontra do mesmo modo realizada, porque, por consequência, ele é que é o verdadeiro Consolador. Na Revista Espírita 1864, páginas 399, O Espírito de verdade, sob o título; Comunicação Espírita nos afirma: “Há várias moradas na casa de meu Pai, eu lhes disse há dezoito séculos. Estas palavras o Espiritismo veio fazer compreendê-las.
Dessa forma, perguntamos:
• Quem é o grande médico das almas?
• Quem trouxe a palavra de Deus aos homens de vontade?
• Quem disse: Há muitas moradas na Casa do Pai?
• Quem afirmou: Vinde a mim, todos vós que sofreis…?
• Não há dúvidas.
O Espírito de Verdade é Jesus, que voltou para cumprir a promessa de enviar o Consolador Prometido, de forma que Ele cuidou diretamente da vinda do Espiritismo à Terra, sendo que os demais Espíritos que colaboraram na Codificação, tais como, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, Sócrates, Platão, Paulo, São João Evangelista, Erasto, agiram sob a Sua inspiração direta.
Quem é o Espírito Santo?
Voltando a João, XIV: 15 a 17 e 26: “Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” Jesus afirmou que o Espírito Santo a ser enviado nos guiaria a toda a verdade, pois não falaria por si mesmo, mas diria tudo que tivesse ouvido (João 16: 13).
Mas ouvido de quem?
De Deus o Pai ou mesmo de Jesus.
Isso confirma que não se trata do Espírito Santo do dogma da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade e que Ele, o Espírito Santo, não é Deus todo-poderoso tal qual o Deus Pai único, absoluto, incriado, e que existe desde todas as eternidades.
Se Ele não fala por Ele mesmo, então, é porque Ele é subordinado ao Deus Pai como Jesus que disse também que não falava por Ele mesmo, mas em nome de Deus Pai que o enviou para nos trazer a Boa Nova, o Evangelho, que é de Deus Pai.
Segundo o Espírita Carlos Torres Pastorino, estudioso do Novo Testamento que traduziu o texto evangélico do original em grego, não há a expressão “O Espírito Santo”, mas em todas as ocasiões lê-se “UM Espírito Santo”.
Segundo outro espírita Jack Darsa, Espírito Santo na teologia Judaica é um atributo de Deus. Por outro lado, a palavra Santo era o símbolo utilizado entre os primeiros cristãos para se reconhecerem. Conforme consta em Ato dos Apóstolos na capítulo 9-13 e na primeira Carta de Paulo aos Romanos capítulo 1-7: “Eu voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estiver, estejais vós também” (João 14: 3).
Kardec foi avisado, que o Consolador prometido seria enviado, ou seja, uma equipe, ou uma plêiade de espíritos iluminados iriam ser os transmissores da doutrina espírita, complementando e esclarecendo mais o ensino evangélico.
Foi o Espírito de Verdade que chefiou os espíritos iluminados que se manifestaram a Kardec através de médiuns de cerca de 40 países.
Diante o exposto podemos concluir que o ESPÍRITO SANTO neste contexto é a plêiade de espíritos iluminados transmissores da doutrina espírita.
Nós, os espíritas, temos por certo que esta promessa evangélica se realizou na segunda metade do século XIX com a codificação da Doutrina dos Espíritos realizada por Leon Hipollyte Denizard Rivail mais conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec e exposta em cinco livros básicos a saber: O Livro dos Espíritos; O Evangelho Segundo o Espiritismo; O Livro dos Médiuns, A Gênese e O Céu e o Inferno.
Por isso, Kardec escreve: "O espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque ele fala sem figuras e alegorias. Levanta o véu, propositadamente, lançado sobre certos mistérios e vem, por fim, trazer uma suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao dar uma causa justa e um objetivo útil a todas as dores."
O espiritismo como Ciência estabelecera o uso da razão na aceitação das verdades possíveis, após uma explosão da mediunidade, trazendo revelações que poderiam ser comprovadas por métodos científicos, aceitas pelo raciocínio e pela lógica dos fatos, é esse o consolador prometido.
“O Consolador é, pois, segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora, tendo por inspirador o Espírito de Verdade.” (Gênese XVII- 39)
Surgiram, assim, a ciência espírita que investiga e torna visível e clara a existência do mundo espiritual e seus habitantes e a filosofia espírita, explicando quem somos , de onde viemos, o que aqui fazemos e para onde vamos, desaguando suas descobertas na Moral Cristã, levando o homem a um sentimento religioso de amor a Deus e ao próximo.
Então, todos os ensinos de Jesus, podendo ser comprovados de forma racional, tornam-se claros, demonstrando se constituírem no ideal a ser atingido pela humanidade, conforme asseverou Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida e ninguém vai ao Pai senão por mim", ou seja, pela vivência dos seus ensinos e não pelo rótulo religioso ou filosófico.
O espiritismo demonstra como e por que devemos transformarmo-nos em melhores pessoas, através dessa vivência, sintetizada no amor a Deus acima de todas a coisas e ao próximo como a si mesmo.
Ensinos esses, não mais aceitos pela fé cega, mas pela razão e sensibilidade, pela lógica e pelo sentimento, para que o homem possa realizar seu desenvolvimento espiritual.
FONTE:
EVANGELHO SEGUNDO ESPITITISMO
A GÊNESE: CAPT XVII ITEM 39 a 42 e CAP I ITEM 26 a 42
EVANGELHO SÃO JOÃO CAP 14, 15 e 16
REVISTAS ESPIRITAS 1862, 1864 e 1867
SITE CENTRO ESPIRITA BATUIRA, TEXTO: LEDA DE ALMEIDA REZENDE EBER
SITE DO CORREIO ESPÍRITA