O evangelista, Mateus, o único que relata a visita dos Magos a Jesus, e, no seu relato, ele não diz quantos eram os Reis Magos, nem mesmo o nome deles. na Igreja de São Pedro e São Marcelino, datada do século III de nossa Era, os magos são apenas dois. Nas Catacumbas de Domitila (século IV) o seu número dobra. Nas representações sírio armênias os magos são 12.
Foi o erudito teólogo Orígenes (185-254) que, se baseando no fato de que os presentes foram três: (ouro incenso e mirra) fixou o número dos magos em três. Por seres três, tornaram-se representantes das três raças pós diluvianas oriundas do filhos de Noé: Sem (semitas), Cam (camitas) e Jafé (jafetistas). O primeiro escritor a chamá-los de reis foi Cesário de Arles (470-543 DC) e esta denominação, muito provavelmente, se deveu a um texto dos Salmos que diz: Os reis de Sabá e Seba vão lhe pagar tributo; todos os reis se prostrarão diante dele; as nações todas os servirão (S. L XX II: 11).
Como se trata de um salmo messiânico, a visita dos magos, transformados em reis, seria a sua comprovação. Foi apenas á partir do século VIII de nossa era que eles parecem pintados como reis.
Quem nomeou os magos foi o reverendo Beda que viveu no século VIII depois de Cristo. Os nomes são: Baltazar, Gaspar e Melquior. Estes nomes se encontram relacionados com as raças e os presentes do seguinte modo: Melquior representa a raça branca européia, trouxe ouro e simboliza a raça jafetista; Gaspar simboliza a Ásia, trouxe o incenso e representa a raça semítica e Baltazar que presenteou Jesus com a mirra, representa a raça negra.
Quando chegaram a Jerusalém, os Magos, primeiramente, visitaram Herodes, o Rei da Judeia, e, para saber quem era o Rei que tinha nascido, pois tinham visto aparecer a sua estrela. Herodes, rei tirano, sanguinário, odiado por seus súditos, que só estava no trono por uma vasta trama de alianças com os romanos, já havia praticado atos de extrema violência por muito menos. Ele se desespera ao saber que tinha um “rival” poderoso, predito pelas profecias. Em contato com os Magos, ao ouvir notícia do nascimento de uma criança que seria coroada Rei dos judeus, Herodes sobressaltou-se. Seu poder estava ameaçado!
Sabendo agora a direção a seguir, os Magos tiveram uma maravilhosa surpresa ao saírem de Jerusalém. À noite, brilhava diante deles, novamente a estrela, cujo brilho mostrava-lhes o caminho seguro a trilhar.
A certo ponto da caminhada, a estrela se detém, e eles entendem que era ali que estava o Rei, a quem de tão longínquo país tinham vindo adorar.
Felizes, adoraram a Jesus. Os Magos reconheceram a sublime origem e a divindade de Jesus. Nem sua pobreza, nem a simplicidade do lugar foram capazes de esfriar a fé dos Magos. O costume oriental os impedia de que se aproximasse de uma grande personalidade, sem nada para oferecer. Por isso os Magos oferecem a Jesus, presentes como uma forma de homenagem em sua plenitude de fé.
Após render as homenagens ao menino Jesus, ali os Magos repousaram. Avisados por um anjo para não passarem pelo palácio de Herodes, os Magos partiram para as suas terras, cada um por um caminho, não passando por Jerusalém.
Nesta mesma noite, por sua vez, José sonhou com um anjo que lhe recomendou fugir para o Egito, porquanto Herodes pretendia matar o menino. Partiu, de imediato, com Maria e Jesus.
Não tendo notícias dos Magos e pressentindo que fora enganado, Herodes ficou furioso e mandou que seus soldados matassem, em Belém e cercanias, todos os meninos com a idade de até dois anos. Segundo estimativas, considerando-se a população da época, perto de 25 a 30 crianças foram barbaramente mortas para que o enviado celeste não sobrevivesse.
A salvo com Maria e Jesus no Egito, José lá permaneceu até a morte de Herodes (4d.C.), quando outro anjo lhe recomendou, em sonho, que retornasse à Palestina. Obediente à orientação angélica, o carpinteiro regressou a Nazaré, onde Jesus viveria até o início de seu apostolado. Daí o chamarem “o nazareno”.
A visita dos Magos evidencia que o nascimento de Jesus repercutiu além da Palestina, sob o ponto de vista espiritual. Dentre as inúmeras denominações que receberam os médiuns, em todos os tempos, Mago é uma delas.
Especula-se a respeito da estrela.
Seria um cometa? Ou a conjunção de dois ou três planetas?
Na Gênese, uma das obras codificadas por Allan Kardec, este afirma que aquela luz não podia ser uma estrela. É que na época, com poucos recursos astronômicos, eles acreditavam que pontos luminosos fossem estrelas. Acrescenta:
“Entretanto, por não ter como causa a que lhe atribuíram, não deixa de ser possível o fato da aparição de uma luz com o aspecto de uma estrela.” E, elucida que, um Espírito pode aparecer sob a forma luminosa, ou transformar uma parte do seu fluido perispirítico em foco luminoso.
Nenhuma hipótese astronômica ajusta-se perfeitamente à estrela que guiava os Magos.
Pode ter sido um fenômeno mediúnico. Médiuns videntes, só os Magos enxergavam a estrela que apontava para o oriente.
Outro fenômeno, envolvendo esta passagem evangélica, são os sonhos.
Assim, os Magos foram avisados em sonho para evitar o retorno por Jerusalém, poderiam receber informações sobre a localização do menino sem o aparato da estrela. José foi encaminhado ao Egito, e, depois foi recomendado que retornasse à Galileia por meio de sonhos.
O Espiritismo nos dá a explicação, muito simples: Enquanto o corpo dorme nosso Espírito transita pelo continente espiritual. Os sonhos são o resultado da liberdade do Espírito, durante o sono. Podendo ser composto de desejos, visões e sentimentos que se formam de maneira independente dos objetos exteriores, e até mesmo do que vivenciamos no nosso dia a dia. Lucidez espiritual durante o sonho é proporcional ao nosso estado evolutivo.
A visita dos Magos e suas dádivas originaram as tradições de presentes no Natal.
Nos dias de hoje, também podemos presentear a Jesus não só em uma data específica, mas em todos dos dias, com os “nossos tesouros”, esforçando-nos para vencer as barreiras da imperfeição e buscar a luz do amor.
Os Magos guiados pela luz da estrela buscavam um caminho para um novo tempo, uma nova era de esperança e fé.
Nós somos convidados, todos os dias, a seguir este caminho, contemplando a luz do amor que Jesus nos ensinou. Mas ainda parece que o amor verdadeiro está bem distante de nós, e, que não temos os olhos de ver.
Fonte: https://www.feesp.com.br/2016/12/23/a-mensagem-dos-tres-reis-magos/ e https://www.correioespirita.org.br/categorias/filosofia-e-espiritismo-correio-espirita/552-os-tr%C3%AAs-reis-magos