Aurélio Agostinho nasceu em Tagasta (hoje Suk Ahras), na Argélia. Estudou retórica em Cartago e seguiu várias linhas filosóficas, como o maniqueísmo, corrente baseada no conflito entre o bem e o mal, e o ceticismo. Sob a influência do bispo de Milão, Santo Ambrósio, converteu-se ao cristianismo e foi batizado em 387. Foi nomeado bispo de Hippo (atual Annaba), na Argélia, onde morreu aos 75 anos.
Santo Agostinho tinha particular interesse nos estudos sobre como conciliar fé e razão. Sendo a mente humana mutável e falível, como atingir, a partir dela, a Verdade eterna? Para Santo Agostinho, a filosofia antiga, apesar de pagã, seria uma preparação da alma, muito útil para a compreensão da verdade Entretanto, tal como o olho necessita da luz do sol para enxergar, o ser humano necessita da luz divina para chegar ao conhecimento completo, não sendo suficiente (apesar de importante) o uso da razão...
“É preciso compreender para crer e crer para compreender”.
Para ele a fé é a percepção de ter sido tocado de alguma forma por Deus. Essa percepção além de mudar a forma de pensar muda também a forma de viver. Mas a fé não se coloca no lugar da inteligência, a fé incentiva a inteligência, o pensamento é também condição para que exista a fé. O conhecimento também não elimina a fé, esta se torna mais forte através da inteligência.
Revoluciona o Cristianismo buscando sua base, e escreve 232 livros compilados em diversas obras, entre as quais: ‘As Confissões’ que constituem uma autobiografia, na qual relata a sua vida antes de se tornar Cristão e sua conversão.
Comentando sua própria obra, Santo Agostinho diz que a palavra confissões, mais que confessar pecados, significa adorar a Deus.
Sua outra grande obra, A Cidade de Deus, descreve o mundo dividido entre o dos homens (mundo terreno) e o dos céus (mundo espiritual).
Nessa obra, Santo Agostinho afirma que a cidade humana era essencialmente imperfeita, e aqueles que vivessem em conformidade com o preceito Cristão, após a morte, habitariam a cidade de Deus, onde tudo era justo.
Carlos Magno (primeiro imperador Sacro do império Romano) foi responsável pela ponte cultural das obras de Santo Agostinho com a escolástica (método ocidental de pensamento crítico e de aprendizado com origem nas escolas monásticas cristãs, que concilia a fé cristã com um sistema de pensamento racional). Se não fosse essa ponte dificilmente haveria o avanço intelectual que resultou no Iluminismo e a França pôde, então, receber a Doutrina Espírita.
Em muitos dos seus relatos, já existiam fundamentos da Doutrina Espírita: imortalidade da alma, existências de outros mundos, outros corpos, a necessidade do autoconhecimento, entre outros. Dizia que se Deus achasse conveniente os homens se comunicarem com os mortos, ele faria. Também na sua obra As Confissões, depois de ter perdido sua mãe afirmou que: “Eu estou persuadido de que minha mãe voltará a me visitar e me dar conselhos revelando-me o que nos espera na vida futura”.
Ele já buscava, naquela época, exercitar as mais profundas meditações procurando conhecer a si mesmo.
Já no plano espiritual, participa da construção do Espiritismo desde os prolegômenos de O Livro dos Espíritos, junto com São João Evangelista, São Vicente de Paulo, São Luís, o Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, entre outros. Há colocações, pensamentos e orientações de Santo Agostinho em todo o Pentateuco Espírita bem como em na Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos.
Citamos, abaixo, vários temas de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o Espiritismo que tiveram sua participação:
O Livro dos Espíritos:
Prolegômenos;
Anjos Guardiões, espíritos protetores, familiares ou simpáticos;
Conhecimento de si mesmo;
Conclusão.
O Evangelho Segundo o Espiritismo:
Mundos Regenerados;
Progressão dos mundos;
O mal e o remédio;
O Duelo;
A ingratidão dos filhos e os laços de família;
Alegria da Prece.
Não poderíamos finalizar esse singelo relato sobre a grandiosa vida de Agostinho de Hipona, sem citar a sua resposta a Allan Kardec, numerada como 919 do Livro dos Espíritos:
919 - Qual é o meio prático e mais eficaz para melhorar nesta vida, e resistir aos arrastamentos do mal?
R: - Um sábio da antiguidade nos disse: Conhece-te a ti mesmo.
- Compreendemos toda a sabedoria dessa máxima, porém, a dificuldade está precisamente em se conhecer a si mesmo; qual é o meio de o conseguir?
- Fazei o que eu fazia da minha vida sobre a Terra: ao fim da jornada, eu interrogava minha consciência, passava em revista o que fizera, e me perguntava se não faltara algum dever, se ninguém tinha nada a se lamentar de mim. Aquele que cada noite lembrasse todas as ações da jornada e perguntasse o que fez de bem ou de mal, pedindo a Deus e ao anjo Guardião para esclarecer, adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Questionai, portanto, e perguntai-vos o que fizestes e com o qual objetivo agistes em tal circunstância; se fizestes alguma coisa que censurais em outrem; se fizeste uma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai-vos ainda isto: se aprouvesse a Deus que me chamar neste momento, reentrando no mundo dos espíritos, onde nada é oculto, eu teria o que temer diante de alguém? Examinai o que podeis ter feito contra Deus, contra o vosso próximo, e enfim, contra vós mesmos. As respostas serão um repouso para vossa consciência ou a indicação de um mal que é preciso curar.
O conhecimento de si mesmo, portanto, é a chave do progresso individual. Mas, direis, como se julgar? Não se tem a ilusão de amor-próprio que ameniza as faltas e as desculpas? O avarento se crê não haver senão a dignidade. Isso é verdade, mas tendes um meio de controle que não pode vos enganar. Quando tiverdes indecisos sobre o valor de uma das vossas ações, perguntai-vos como a qualificaríeis se fosse feito por outra pessoa; se a censurais em outrem, ela não poderia ser mais legítima em vós, porque Deus não tem duas medidas para a justiça. Procurai saber, também, o que pensam os outros a respeito, e não negligencieis a opinião dos vossos inimigos, porque estes não têm nenhum interesse em dissimular a verdade e, frequentemente, Deus os coloca ao vosso lado como um espelho para vos advertir com mais franqueza que o faria um amigo. Que aquele que tem vontade séria de se melhorar explore, pois, sua consciência, a fim de arrancar dela as más tendências, como arranca as más ervas do seu jardim; que faça o balanço da sua jornada moral, como o mercador faz suas perdas e lucros, e eu vos asseguro que a um lhe resultará mais que a outro. Se ele puder dizer que sua jornada foi boa, pode dormir em paz, e esperar sem receio o despertar de uma outra vida.
Como tantos outros, Santo Agostinho vê com os olhos do espírito o que não via enquanto homem. Liberta, sua alma entrevê claridades novas, compreende o que antes não compreendia. Novas ideias lhe revelaram o sentido verdadeiro de algumas sentenças. Na Terra, apreciava as coisas de acordo com os conhecimentos que possuía; desde que, porém, uma nova luz lhe brilhou, pôde apreciá-las mais judiciosamente. Assim é que teve de abandonar a crença, que alimentara, nos Espíritos íncubos e súcubos e o anátema que lançara contra a teoria dos antípodas. Agora que o Cristianismo se lhe mostra em toda a pureza, pode ele, sobre alguns pontos, pensar de modo diverso do que pensava quando vivo, sem deixar de ser um apóstolo cristão. Pode, sem renegar a sua fé, constituir-se disseminador do Espiritismo, porque vê cumprir-se o que fora predito.
Leia mais em:
https://guiadoestudante.abril.com.br/especiais/santo-agostinho/
https://casadocaminho-pae.org.br/temas-doutrinarios/santo-agostinho-e-a-doutrina-espirita
Palestra no youtube: Santo Agostinho na Visão Espírita, por Fábio Dionísio - https://www.youtube.com/watch?v=RmjJqoT6aQw
https: //ptm.wikipedia.org/wifi
http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=42